quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pesquisa realizada por mim.

Eles sobraram
Modernização reduz chances para 36 milhões de
Trabalhadores Com pouca escolaridade.


Os números do IBGE, principal órgão de pesquisas sociais do país, mostraram um retrato dramático da realidade do trabalhador brasileiro. Segundo esse instituto, 36 milhões de brasileiros em idade de trabalhar têm só o ensino fundamental completo ou nem isso. Essa população equivale quase a metade de toda a força de trabalho do país e coloca para a sociedade um enorme problema.
Para garantir a sobrevivência, muitos deles ainda conseguem emprego na economia informal com algum êxito. Para os outros, o horizonte é desolador. Isso porque as empresas, com a modernização, já não precisam tanto de força física, que é o que eles têm a oferecer, pois não receberam a educação formal.
O rosto dessa gente apareceu quando o governo de São Paulo abriu inscrições para as chamadas frentes de trabalho. A idéia era selecionar 50 000 pessoas para cumprir um contrato de seis meses, recebendo salário mensal de 150 reais, cesta básica e seguro de acidentes pessoais. Exigências: ter acima de 16 anos de idade e estar desempregado há, mas de um ano.
Uma multidão de 460 000 pessoas lotou os locais de inscrição. Foram selecionados apenas os chefes de famílias numerosas, os mais velhos e os que estavam há mas tempo na fila do desemprego. A primeira leva, de 250 pessoas, já esta trabalhando na limpeza de trilhos de trem na região metropolitana de São Paulo. Os outros vão cuidar do zoológico, de parques e da jardinagem das praças. Programa semelhante organizado pela prefeitura de São Paulo atraiu mais de 50 000 pessoas.
Na frente de trabalho, os contratados terão chance de assistir a palestras e fazer um curso profissional (existem quarenta opções , que vão de pedreiro a babá).
Quando a economia brasileira voltar a crescer, a massa de desemprego por falta de qualificação profissional poderá trabalhar na restauração de estradas, viadutos e ruas esburacadas. O problema é saber por quanto tempo essas pessoas poderão sobreviver á custa desses serviços. E o desafio para o país permanece: evitar que continue crescendo a população de subtrabalhadores.


(Adaptado de: Vallentini, Cíntia. Revista Veja 21 jul. 1999, p. 105.)

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